O Passado dos Pontos de Batalha

Viva piratas!

Já se ouviu falar muito sobre o fabuloso Capitão Ron Cuthbert. Ele não só era um pirata perante o qual estremeciam almirantes e réis, mas também era um velho marujo e um homem muito corajoso. Junto com a sua equipa navegava de uma aventura para a próxima e passou por coisas das quais outros piratas só sonhavam. Ele era comandante e um exemplo fabuloso para todos os piratas sendo o seu desaparecimento um golpe rude para todos eles.

Bem, seja como for! Estes tempos já passaram à história e desde esses velhos e gloriosos dias nenhum pirata tentou suceder ao Capitão Cuthbert. Mas isto deverá ter um fim, pois a comunidade dos piratas precisa de um comandante aventureiro e corajoso, que não teme de enfrentar os poderosos e ricos.!

Por isso vai haver uma competição para avaliar o melhor pirata. Para concretizar esta tarefa inventou-se o novo sistema Battle Point que funciona da seguinte maneira:

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Se vocês afundarem um pirata adversário nos mares do Seefight, não vos serão dados pontos de experiência, mas Battle Points. A partir de determinado número de pontos vocês sobem de posição e pouco a pouco têm acesso a novos objectos. Vocês não só recebem honra e fama mas também novos objectos que deixarão estremecer os vossos inimigos!

As posições estão divididas em três classes. Para os piratas mais rápidos entre vós há uma tabela todos os meses que vos informa imediatamente sobre a vossa posição. Claro que também há uma lista dos melhores jogadores. Se estiverem sempre nos primeiros lugares podem estar orgulhosos com o vosso trabalho, pois não só serão admirados mas também temidos pelos outros piratas! A terceira classe é a tabela de equipa, que será introduzido brevemente. Aqui poderão comparar a posição da vossa equipa com a posição de outras equipas. É óbvio que cada posição tem o seu emblema, sendo assim possível de ver contra quem se está a jogar.

Mais informações seguirão em breve. No entanto só resta dizer que o grande Ron Cuthbert estaria muito orgulhoso convosco, se soubesse que querem seguir o seu exemplo!

 

Prólogo​

O esconderijo secreto era sujo, cheio de fumaça e infestado de ratos. Jason torceu o nariz e olhou à sua volta com nojo. Apesar de ser um pirata, fazia gosto de um certo conforto. Aquela casa era definitivamente muito pior do que podia suportar. Jason não via a hora de seu encontro chegar logo ao fim.

“Ahh, capitão Seagull. Entre. Com você, finalmente estamos completos.” Com seu charuto no canto da boca e o olho esquerdo escondido sob um tapa-olho, Capitão Flag voltou seu olho direito para Jason de modo provocante. O recém-chegado passou os olhos pelos piratas reunidos. Quatro capitães sentavam à grande mesa redonda olhando para Jason. Todos eles eram capitães de renome. Podemos dizer que era uma mesa de piratas do mais alto escalão.

Um deles era capitão Alejandro Gomez. Também conhecido como “o flagelo dos mares”, era considerado o melhor timoneiro de todos os tempos. Do seu lado sentava capitão Lorenzo Ortega, “o criador de viúvas”. Diz-se que ninguém jamais teria permanecido vivo após tê-lo atacado. Ortega não era homem de meias medidas. Depois de Ortega, vinha capitão Otango Mabutu, “o sem coração”. Jason havia ouvido que Mabutu já teria vendido até sua própria mãe por ouro. E por fim, capitão Randall Flag, “o fumante”. Dizem que até na cama ele fuma seus charutos. Jason, por sua vez, também tinha um apelido: “o cão sortudo”. Algum de seus homens lhe deu esse nome alguma vez porque parecia que nenhuma bala, nenhum sabre ou qualquer outra arma era capaz de atingí-lo. E realmente era inegável a sorte incrível que Jason possuía. Ele mesmo já havia de perguntado várias vezes como havia sobrevivido a certas situações. Uma vez, por exemplo, os soldados do rei haviam atirado uma salva inteira de balas nele. Sua camisa havia ficado furada de cima a baixo, mas ele saiu totalmente ileso, sem uma única ferida. Na ocasião, o sortudo aproveitou o estado estupefato dos soldados para se mandar rapidinho.

Jason sentou-se à mesa e cruzou as mãos.
“Muito bem, a que devo a honra de me sentar com tantos ilustres capitães?”
Os quatro homens olharam-no com desprezo e indiferença. Apenas Gomez mostrou seu sorriso malévolo. O apelido desse deveria ser “o sorridente”, pensou Jason, pois nunca o havia visto sem aquele sorrizinho na face. Provavelmente “o flagelo dos mares” era mais ameaçador.
“Temos algumas questões a discutir, por isso convoquei essa reunião”, começou Flag...

 

O Acordo ​

Capitão Ortega bufava: “Para esclarecer as coisas uma vez por todas: Eu não vou contrair uma aliança ou coligação com vocês. Não preciso disso. Em alto mar sempre fomos inimigos e já enfrentamos muitas batalhas. Não sinto a necessidade de entregar a minha vida a uma creatura como vocês.”
Mabutu ergueu-se furioso e bateu com o punho pendurado de joias na mesa que até extremeceram os copos que ainda estavam em cima dela. “Vais retirar o que disseste Ortega ou eu juro que dou cabo de ti!”
Cheio de raiva Mabutu olhou para Ortega de cima para baixo. Este suspirou, ergueu-se lentamente e com um gesto ajustou o seu casaco empoeirado. “Achas que isso é boa ideia Mabutu? Atacar um homem que tem a alcunha de ’O Fazedor de Viúvas‘ ?”
Mabutu riu-se, mas nos seus olhos via-se o respeito que tinha por Ortega. “Isso são contos de fadas. Alcunhas são óptimas, mas não passam de características de identificação, que são dadas da tripulação. E eu não creio em contos de fadas.“
“Então atáca-me seu sem piedade e logo ficamos a saber!“
“Silêncio!!“, berrava Flag, “Não vos chamei para esta reunião para se matarem um ao outro.”
“Mas pelo menos a minha alcunha faz sentido“, observava Gomez.
“Pára lá com isso Gomez“, respondeu Jason e ria-se, “Até te ultrapasso com um barco de vela de um mastro!“
Gomez olhou com desprezo para Jason. “És capaz de ter sorte Seagull, mas tanta sorte assim, não terás de certeza!“
“Para isso não preciso de sorte!“, respondeu Jason zangado. “Eu dou cabo de ti…“
“Estejam calados“, murmurou Flag com voz ameaçadora. A situação acalmou-se imediatamente. Randall Flag era o pirata mais velho, experiente e temido entre todos os capitães presentes. Este homem já passou por mais batalhas maíitimas que todos os outros quatro juntos. Mabutu sentou-se rangindo os dentes e Ortega também se sentou. Todos olhavam para Flag-
“Agora que tenho a vossa atenção, gostaria de voltar à questão. Todos nós conhecemos a lenda do grande capitão Ron Guthbert...
“Minha nossa, mais um conto de fadas“, grunhiu Mabutu, “Mas o que é que se passa aqui? Eu pensava que se tinham reunido piratas temidos e não uns cobardes da primeira!“
“Ron Guthbert não é um conto de fadas, ele existiu mesmo“, disse Gomez, “O meu avô navegou com ele. Guthbert era um verdadeiro diabo. Uma inspiração em pessoa!“ E para sublinhar o seu comentário, Gomez levantou o dedo indicador.
“E por isso mesmo chamei-vos para esta reunião“, respondeu Flag, “Seja verdade ou não, Guthbert continua ser a esperança para muitos piratas e um herói. E é isso mesmo que um de nós deverá conseguir!“
“Porquê?“, perguntou Jason.
“É muito simples“, respondeu Flag, ”Os soldados do rei ocidental estão a ficar cada vez mais descarados. As suas frotas estão a perseguir-nos sempre mais e a vida de pirata está a tornar-se cada vez mais perigosa. Isto tem de acabar.“
“Queres dizer que um de nós deve tomar o lugar de Guthbert?“, perguntou Jason espantado. Os outros capitães também olharam com cara interrogativa para o velho lobo do mar. Flag olhou para o cigarro que amortalhava entre os seus dedos e depois olhou nos olhos de cada um dos homens presentes.
“É exactamente isso! Aqui estão sentados os cinco piratas mais capazes de todo mar e um de nós deveria tomar o lugar de Guthbert.“
“Não percebo“, respondeu Ortega, „E o que é isso vai dar, além de arriscarmos as nossas vidas?“
“Muito simples, conseguimos um pouco mais de liberdade para a comunidade de piratas. Pois, mesmo não sendo amigos, prefiro piratas honestos do que esses malditos almirantes da frota real..“
“Não contem comigo“, responde Jason, „Isso vai-me servir para quê?“ Os outros capitães concordaram acenando com a cabeça.
“Queres dizer além da fama e da apreciação? Uma quantidade enorme de ouro e admiradores! Além disso livramo-nos das frotas do rei.“
“E quem vai fazer tudo isso?“, perguntou Gomez.
“Para ser sincero, todos nós“, respondeu Flag, “Todos nós vamos atacar os navios do rei, pilhamos como nunca e fazemos uma enorme tempestade.“
“Ok, mas assim não vamos conseguir um novo mito, mas consolidamos a nossa fama“, replica Ortega.
“Se espalharmos os nosso actos como se fossem o acto de um único, não!“, sorria Flag. Os quatro capitães olharam para o velho homem sem saber o que dizer.
“Mas – mas isso é tolice“, saiu-lhe a Mabutu.
“Não completamente“, respondeu Jason, “Se falarmos com as nossas tripulações poderiamos conseguí-lo.“ Flag acenava.
“Ok, e quem vai ser o sortudo?“, perguntou Gomez com um sorriso na cara.
“Acabaste de dizer o nome“, respondeu Flag e apontou com o seu charuto para Jason…

 

A Prova de Paciência​

Jason já tinha presentido algo, pois era uma consequência lógica. Pela primeira vez ficou furioso com a alcunha que lhe deram. Por outro lado também gostou da ideia de ficar na história como novo Ron Guthbert, assim como o ouro e a admiração dos outros piratas. Jason tinha que admitir que gostava mesmo da ideia. “Ok”, disse ele. “E como é que vocês querem fazer isso?
Flag olhou à sua volta. “O importante é conseguir com que as nossas tripulações participem nessa astúcia e de cumprir o calendário! Todos os assaltos têm de ser planeados de maneira a poderem ser quase executados por um só navio e uma só tripulação.
“Quase executados?”, perguntou Gomez e sorriu.
“Sim, só assim é possível criar um mito!”, Flag bateu com a palma da mão na mesa, “Para os outros isto tem que parecer como se algo mágico estivesse a acontecer. Dois assaltos num só dia, de uma tripulação em dois lugares com 14 horas de distância um do outro, é possível , mas pouco provável.
“Ah, estou a perceber”, disse Mabutu e esfregou o seu queixo, “Dessa forma toda a história tem um ar místico e sobrenatural. Algo tipo ‘o vento estava a seu favor‘ e coisas semelhantes.“
Flag acenou, “Exactamente.”
„Ok, então vamos fazer isso assim“, disse Ortega e esfregou as mãos.
“Alto aí”, protestou Jason, “Quem é que disse que participo numa coisa dessas?”
“Bem, pensava que isso estava mais que visto?, replicou Mabutu admirado, “Não parecia que tivesses algo a contra esta acção!”
“E também não tenho nada em contra” disse Jason com ar menosprezante, “mas agradecia que ao menos me perguntassem.”
“Ai, valha-me Deus”, Flag esfregou lentamente os olhos, “Estarias disposto a participar no nosso plano, capitão Seagull?”
“Claro que sim”, sorriu Jason. O murmúrio que se seguia ainda fez com que Jason risse mais ainda.
Quando os cinco sairam do reles alojamento, Jason sentia-se descontraído de uma maneira estranha. De certa forma anciava pelo que os esperava. Quando os capitães chegaram à baía onde ancoravam os navíos, Flag virou-se mais uma vez para eles.
“Bom, cada qual conhece a sua tarefa. Roubamos durante uma semana como combinado e espalhamos o boato que todos os assaltos foram feitos pelo capitão Seagull. Numa semana encontramo-nos novamente e falamos sobre os próximos passos.” Os quatro capitães acenaram para confirmar.
“Então até daqui a uma semana.”
Após estas palavras cada capitão voltou para o se navío. Nas próximas 24 horas haveria muito que fazer. Amanhã pela hora do almoço, Jason deveria assaltar um navío real de comércio. Entretanto Mabutu já haveria roubado um porto e Gomez estaria preparado para afundar um navío de guerra num ataque de surpresa...

 

Falsas Promessas​

A tripulação aceitou até bastante bem o plano. Talvez gostaram da ideia de fazer parte do novo mito. Jason esperava que os outros capitães tivessem tido um jogo tão fácil com as suas tripulações.
No horizonte, Jason já via os mastros dos navios comerciantes. Já há muito tempo que os piratas não atacavam os navios do rei ocidental. Eles tinham medo da vingança, mas esse tempo já se acabou. A partir de agora voltam ir à caça aos navios reais! Assim como nos velhos tempos.
“Preparem tudo para a abordagem”, gritou Jason, “fixem o aparelho, carreguem os canhões e preparem a âncora!”
A tripulação inteira trabalhava em conjunto e começou a cumprir as suas tarefas. Jason encontrava-se na proa da sua “Águia do mar” e observava o navio inimigo. Ainda não tinha içado a Jolly Roger, a bandeira pirata. Eles continuavam a navegar com uma bandeira neutra. Quando se aproximaram do navio comercial e a outra tripulação se devia ter apercebido de que o seu navio iria ser atacado, Jason içou a famosa bandeira com a caveira. O navio comercial ficou em pânico, a tripulação corria dum lado para o outro e tropeçavam nos seus próprios pés.
Será que já se passou tanto tempo desde o último ataque ao navio comercial do rei para que a tripulação se tenha esquecido das regras básicas de defesa, pensou Jason.
Até agora, a Águia do Mar cruzava o caminho do outro navio e, se tivessem mantido o seu rumo, o navio pirata teria chocado o outro navio com a proa de lado, mas, no último momento, viravam o navio para ficar lado a lado. Um truque antigo que só funcionou porque a tripulação do navio era meio inexperiente. Assim que os navios se encontraram na mesma altura, já se lançaram as âncoras e os primeiros piratas saltaram para abordar o navio comercial. A tripulação entrou em estado choque. Apenas o capitão é que gritava frases incompreensíveis e distribuía pancadas e pontapés.
Não demorou muito para o navio inteiro se encontrar numa batalha entre a vida e a morte. Os piratas batiam nos marinheiros, atiravam com eles pela borda fora e prendiam-nos nos mastros. Era, sem dúvida, uma luta desequilibrada. Apenas o velho capitão é que enfrentava corajosamente os piratas, lutava com a sua espada, atirava-se contra os piratas e disparou com o mosquete sobre a perna de um pirata. Soltando um grito, Jason atirou-se ao velho, mas o capitão do navio comercial já tinha muita experiência e ficou nas suas calmas. Ele enfrentou o ataque de Jason conseguindo dar-lhe um golpe nas costas. Jason quase que caiu, mas acabou por sorrir de forma maligna e cuspiu-lhe aos pés do homem. “Oh, parece que encontramos um homem valente!”
“Eu já lutava contra piratas ainda estavas tu a mamar o leitinho da tua mãe, seu cão sujo!”
Jason não respondeu, deu um salto em direcção ao homem, deixou-se cair para a frente e atacou-o com o seu sabre. O velho homem não estava à espera deste ataque. Ainda conseguiu levantar a espada, mas não foi capaz de se defender do golpe. A lâmina de Jason entrou directamente na parte direita do umbigo. Com um gemido, o capitão caiu no chão sem vida. Entretanto, o navio comercial passou a estar completamente no poder dos piratas de Jason.
“Pronto, piratas, levem tudo o que não estiver preso e depois deixem o navio. Não o vamos incendiar! Afinal, o rei deve saber que o seu navio foi assaltado.” Os piratas começaram às gargalhadas e logo começaram a pilhar tudo.
Quando, à noite, entrou na sua taberna habitual, ouviu sussurrar os piratas.
“Já ouviram? Dizem que o capitão pirata assaltou hoje dois navios do rei”, ouvia-se dizer. “Sim, isso também ouvi. Parece que foi o capitão Seagull, esse cão afortunado”, respondeu um.
“E a coisa ainda fica melhor”, disse outro pirata, “dizem que o capitão Mabutu atacou hoje uma ilha do rei. Um diabo de homem!” O pirata bateu na sua coxa. O que significava isto tudo? Porque é que se falava no nome de Mabutus? Isso só podia significar uma coisa: o desalmado voltou a mostrar do que é capaz.
“Essa maldita cobra!” Jason saiu correndo da taberna.